A Polícia Militar fará nos próximos dias uma operação com apoio de policiais de outras cidades para combater a criminalidade em Guaratuba.
O anúncio foi feito na sexta-feira (6) pelo comandante do 9º BPM, major Nivaldo Marcelos da Silva, que esteve na Câmara Municipal. O esperado aumento do efetivo local tão cedo não deve acontecer.
As operações foram prometidas pelo chefe de Gabinete do Secretário de Segurança, Walter Gonçalves, aos vereadores que foram a Curitiba no dia 22 de maio cobrar medidas urgentes. O assessor também prometeu aumento no efetivo da Polícia Civil e a vinda do subcomandante-geral da PM, coronel Péricles de Matos. Em seu lugar veio o major.
O aumento dos casos de furtos e assaltos no início de maio em Guaratuba também provocou a mobilização dos empresários, que se reuniram com vereadores e membros da administração para discutir o que fazer. Eles chegaram a elaborar um manifesto onde apontam medidas para os governos municipal, estadual e federal. O manifesto foi lido e entregue ao comandante do 9ºBPM, nesta sexta-feira pelo presidente da Associação Comercial e Empresarial de Guaratuba), Vilmar Faria Silva. Mas a ausência de outros empresários na reunião foi muito criticada.
Antes de o major falar, cada vereador fez um relato dos problemas na segurança e reforçou os pedidos de providências.
“Excesso de contingente”
O major Nivaldo confirmou que, em maio, houve um aumento no número de crimes contra o patrimônio, mas que a situação já está “normalizada”. Sobre o aumento de efetivo, ele não garantiu nada. O que se sabe é que o Governo do Paraná anunciou novos 917 policias militares para dividir entre Curitiba, as demais 28 cidades da Região Metropolitana e os sete municípios do Litoral.
Sem oferecer muito, o comandante ainda fez um pedido aos vereadores que reforçou a impressão de que tão cedo não haverá aumento no efetivo da PM. Ele pediu para eles intercederem junto aos deputados estaduais para aprovarem um projeto que ainda será encaminhado à Assembleia Legislativa para atualizar a estrutura da Polícia Militar no Litoral.
De acordo com o major, o organograma atual é de 1977 e prevê 292 policias militares em toda a região. Hoje são 453. Em razão disto, oficialmente, há um “excesso de contingente”. Com a mudança, o major, calcula que o efetivo poderá aumentar para 700 policiais. Guaratuba passaria dos atuais 34 para 92. Pelo menos no papel. O comandante reconhece que depois de aprovar o projeto ainda será preciso fazer pressão para o aumento se concretizar.
Por fim, o major explicou que o problema de falta de veículos deve ser resolvido com o conserto de um e a vinda de outro.
Também participaram da reunião com a PM, o delegado da Polícia Civil, Claudiomar Lucio Lugli, o secretário municipal de Assuntos Jurídicos e Segurança, Jean Colbert Dias, e o promotor de Justiça Elcio Sartori.
“Notícia” de mais dois policiais
O delegado Lucio Lugli comentou que a vinda dos agentes de cadeia, que trabalham desarmados, melhorou situação na carceragem, mas não resolveu o problema de os policiais “ficarem presos na delegacia” para cuidar dos detentos. A solução virá, segundo ele, com a construção da Delegacia Cidadã, que será destinada ao atendimento ao público e aos policiais. A carceragem ficaria a cargo dos agentes penitenciários da Secretaria de Justiça. Sobre o aumento do efetivo, o delegado disse que tem “a notícia” de que devem chegar mais dois policias para se somar a equipe atual de nove.
Responsabilidade do Estado
O promotor deu destaque à condição da maioria dos autores de crimes, que são cometidos por jovens com alguma ligação com as drogas. Segundo ele, um convênio com alguma instituição de tratamento de dependentes pode ser uma medida bastante eficaz. Elcio Sartori destacou que a legislação e muito menos a Constituição são responsáveis pela criminalidade. Pelo contrário, disse: os direitos assegurados pela Constituição, como creche e saúde públicas, tem melhorado as condições sociais da população.
Na sua avaliação, o problema do “prende-e-solta” é decorrente da falta de investimentos do Estado. Além de não haver penitenciárias agrícolas e industriais para os condenados em regime semi-aberto, que são em maior número, não há vagas suficientes em instituições para albergar os todos os menores que cometem crimes. A maioria dos jovens encaminhados para tratamento contra as drogas também não consegue vaga. Quando consegue, retorna em 45 dias, que é o período bancado pelo SUS.
Licitação das câmeras
Jean Colbert falou sobre alguns projetos da secretaria municipal. De acordo com ele, nos próximos dias deve sair o edital para comprar as câmeras de monitoramento. Desde que a Secretaria de Assuntos Jurídicos e Segurança foi criada, há um ano e meio, ela vem operando com equipamentos cedidos gratuitamente por empresas interessadas na licitação. De acordo com o secretário, finalmente virão R$ 3 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul) que serão usados na estruturação da secretaria.
O secretário municipal salientou que sua prioridade é dar apoio às polícias civil e militar, como vem fazendo. Segundo ele, a criação de uma guarda municipal ainda não é viável economicamente para o município.
Reuniões e debates públicos
O presidente da Câmara, Mordecai Magalhães de Oliveira, disse que os vereadores continuarão cobrando as providências prometidas pela Secretaria de Estado da Segurança Pública. Também informou que a reunião pública desta sexta-feira marca o início de debates e atividades com a população das gestões 2013-2014 e 2015-2016 da Câmara.
Também participaram da reunião, os vereadores Maria Batista, Ana Maria Correia, Fábio Chaves, Mauricio Lense, Raul Chaves, Laudi Carlos de Santi, Juarez Temóteo e Cátia Regina Silvano. Os demais justificaram compromissos assumidos anteriormente à reunião, que foi marcada pela Polícia Militar na noite de quinta-feira (5).